Observamos nos últimos dois dias, e bem de perto, a criminalização
do jovem ativismo anarquista, como outros movimentos também foram
criminalizados num passado não muito distante. Black Blocs, servem de
proteção aos manifestantes, pois colocam-se na linha de frente, com
escudos e proteções
Durante o governo de Fernando Henrique
Cardoso, os movimentos do campo passaram por criminalizações similares,
invenções midiáticas de invasão de terras “supostamente” produtivas, num
claro revide contra a Reforma Agrária pleiteada. Com o auxílio da mídia
convencional, esses movimentos foram taxados de vândalos, bárbaros,
destruidores e um atraso para o desenvolvimento do país.
O que temos pra hoje são “caixas” e
“mochilas” de molotovs confeccionados em garrafas de mesma marca, quase
uma produção fabril, colocadas no chão por possíveis policiais
infiltrados, ao lado dos Black Blocs que marchavam na Av. Rio Branco.
Cenas que foram capturadas em câmera pelas mídias independentes. Esses
mesmos infiltrados agem como se “descobrissem” os molotovs, e
responsabilizam os grupos anarquistas. Ao reproduzir novamente o
discurso de que esses jovens são os responsáveis pelos conflitos, a
mídia convencional só pode partir da presunção de que toda uma população
ainda está imbecilizada. É esquecer que, ao custo de muita bomba e bala
de borracha, as mídias independentes retiraram o véu de qualquer
mentira e armação, e estão acessíveis a quase todos aqueles que buscam
informações.
Quem está desde junho nas ruas sabe que
os movimentos anarquistas, em especial os Black Blocs, servem de
proteção aos manifestantes, pois colocam-se na linha de frente, com
escudos e proteções, prontos para devolver bombas aos seus atiradores.
Sem essa linha de frente, quem estava na Presidente Vargas no dia 20/06
não teria saído a tempo sem ser pisoteado, baleado, ou fortemente
intoxicado.
O que precisa ser discutido, e parece
esquecido nessa busca por culpados e pela criminalização de novos grupos
ativistas anti-sistema, é a violência escalonante da Polícia Militar do
Estado do Rio de Janeiro. Esse é o debate. Não pode ser naturalizado
uma criança de cerca de 8 anos desmaiada no meio da Cinelândia por
intoxicação de gás lacrimogênio. Não pode ser considerado normal que a
polícia faça duas linhas fechando a Av. Rio Branco, e uma linha lateral
onde obrigatoriamente seria o escoamento, e jogar spray de pimenta em
todos que passavam.
A polícia carioca age na surdina, com
carros envelopados sem identificação, atirando em manifestantes que já
haviam dispersado. Persegue manifestantes por ruas, bairros, longos
percursos, atirando bombas em hospitais, em residências, em passantes,
bares, praças, deliberadamente, e planejadamente. Não são despreparados,
são uma máquina de repressão comandada pelo Estado.
Aos que tem acesso à informação, não
permitam que se criminalize mais um grupo social simplesmente por
existir e por questionar o poder vigente. É preciso encampar essa luta, é
preciso desmilitarizar, desarmar essa máquina de matar. Pois, como bem
diz uma das faixas das manifestações: “A mesma polícia que reprime no
asfalto é a que mata nas favelas”. E o que vai acontecer quando esse
grupo que é a linha de frente das manifestações for criminalizado? As
balas vão deixar de ser de borracha no asfalto também?
“É preciso estar atento e forte…”
*Mariana é integrante Das Lutas
via:
http://www.kaosenlared.net/america-latina/item/63280-brasil-criminaliza%C3%A7%C3%A3o-dos-black-blocs-uma-armadilha.html
No hay comentarios:
Publicar un comentario