martes, 28 de noviembre de 2017

Brasil: O agronegócio predador envenena a terra e mata gente....IHU

O Brasil se encontra no topo do ranking mundial de consumo dos agrotóxicos, uma condição nada invejável para qualquer nação minimamente interessada em defender seu território e o seu povo" alerta Jacques Távora Alfonsin, procurador aposentado do estado do Rio Grande do Sul e membro da ONG Acesso, Cidadania e Direitos Humanos.

Eis o artigo.
 
A violenta e extraordinariamente danosa agressão imposta a terra pelos venenos agrícolas, responsáveis por consequências de difícil - por vezes irrecuperável -sustentabilidade do meio ambiente natural, tem sido denunciada e combatida em todo o mundo, inclusive por sucessivasdeclarações da ONU, realizadas em 1972 (Estocolmo), Rio 92 e Rio + 20, essa em 2012, ambas no Rio de Janeiro.
Estudos científicos sustentados em números comprovados da evolução perniciosa dessa realidade, o aquecimento progressivo da temperatura do planeta, com efeito sobre as coletas polares,aumento do nível dos mares, florestas cedendo lugar a desertos, espécies de fauna e flora sendo extintas, manifestações massivas de protesto contrário à crescente poluição da terra, das águas e do ar, dão sinais do inquestionável e urgente enfrentamento efetivo desses males.
Os vários livros deste conhecido escritor Leonardo Boff, dedicado ao estudo de questão desta importância, como “Ecologia Mundialização Espiritualidade” (São Paulo: Ática, 1993), “Ética da vida” (Brasilia: Letra viva, 1999), “Ethos mundial” (Brasilia: Letra viva, 2000), “Saber Cuidar” (Petrópolis: Vozes, 2001), “O cuidado necessário” (Rio de Janeiro: Vozes, 2012) e filmes, como os de Silvio Tendler, “O veneno está na mesa I” de 2011, e o II, de 2014, “Uma verdade inconveniente” de Al Gore (2006), nos Estados Unidos, estão entre as muitas obras de estudo e arte que procuram apontar caminhos, providências inadiáveis de proteção da natureza, em todos os níveis de exercício de poderes sejam públicos, sejam privados.
Desse clamor universal, contudo, parece que o nosso país vem testemunhando uma surdez surpreendente e lamentável. Sobre a recente liberação do Benzoato de Emamectina por aqui, publicada no Diário Oficial da União de 6 deste novembro, um agrotóxico destinado prioritariamente para eliminar lagartas, o site do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, publicado dia 21 deste mesmo mês, entrevistou o engenheiro agrônomo Leonardo Melgarejo, mestre em Economia Rural pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul que, entre outras qualificações, é um conhecido defensor da agroecologia.
Suas advertências sobre o agrotóxico agora liberado, são preocupantes, considerada e a forma pouco discutida e, por isso mesmo, mal explicada pela Anvisa (Agência nacional de vigilância sanitária), depois de uma decisão contrária dela própria à aplicação deste veneno no país; mudou de opinião e autorizou o seu uso, embora tivesse reconhecido antes que a sua aplicação poderia causar “danos importantes sobre o sistema nervoso central”, como denuncia Melgarejo:
“A prioridade à morte das lagartas, a despeito das ameaças à saúde da população, é por demais desrespeitosa para ser aceita.” {...} “Podem ocorrer problemas sutis, como dificuldade de aprendizado, elevação no índice de acidentes e quadros de depressão. Podemos esperar alteração nos índices de acidentes e de tragédias entre as famílias de operadores rurais e mesmo de habitantes de regiões onde o veneno vier a ser aplicado”. {...} “Isto decorre de um fundamento: as forças que dirigem e apoiam este governo não consideram os direitos humanos como mais relevantes do que os direitos ao lucro.”
O Brasil se encontra no topo do ranking mundial de consumo dos agrotóxicos, uma condição nada invejável para qualquer nação minimamente interessada em defender seu território e o seu povo. De acordo com a mesma notícia, Melgarejo apresenta vários motivos que explicam esta posição e diz o que teria de ser feito para superar o problema:
“... o Brasil teria que mudar o modelo produtivo e reduzir o tamanho das lavouras. Em outras palavras: reforma agrária e políticas de apoio à agroecologia.” Ele diz que quem ganha com o que hoje existe é a indústria química. “Ela é a base do agronegócio, deste modelo que domina nosso governo e nosso território.” Melgarejo resume assim a composição de forças e interesses: “O governo não é complacente com o agronegócio. O agronegócio está no governo. O agronegócioé o governo”.
Em outras palavras, uma crítica como esta, num contexto mais abrangente, já tinha sido antecipada por Boff em “O cuidado necessário”, quando ele mostra que a dependência de uma vida de bem-estar para o ser humano não pode ser impedida por interesses tão mesquinhos e individualizados como os do agronegócio predador, da indústria química, da bancada ruralistapresente no Congresso Nacional e de todos os agentes políticos, grupos econômicos enfim, indiferentes aos efeitos sobre a terra que seus negócios possam ter:
“A Terra nunca mais será virgem. Para sempre trará em seu ser a marca da presença humana. De certa forma, nós a hominizamos. Mas essa nossa presença nem sempre foi benéfica. Ela tem sido, especialmente nos últimos decênios , terrivelmente agressiva para com todos os ecossistemas. Não obstante estas contradições, temos ajudado a Terra a mostrar suas capacidades e virtualidades escondidas. E hoje, mais do que nunca, devemos cuidar dela como de nossa mãe, com desvelo, com respeito aos seus limites, com compaixão por suas dores e com amor por sua saúde” (página 265)
Uma Terra “hominizada” assim, maternal, pede um tratamento rigorosamente carinhoso e responsável. Ela não pode voltar a ser explorada como outrora se explorava a/o escravo, um ser humano sujeitado a outrem como uma coisa para ser posta a venda como mercadoria. Um retrocesso social desse porte não pode ser aceito nem pela terra nem pelo seu povo. A licença para submetê-la a mais este veneno, pois, como agora acontece no Brasil, revela o tamanho e a insensatez do poder econômico-político atualmente mandando por aqui. Capaz de eliminar a sua própria mãe, não hesita em deixar órfãs/ãos de território e vida as suas próprias filhas e filhos. Da Procuradoria da República, como de todo o Poder Judiciário, espera-se pronta e eficaz providência capaz de impedir essa insanidade.

Fuente: IHU

vía:
  http://www.biodiversidadla.org/Principal/Secciones/Documentos/Brasil_O_agronegocio_predador_envenena_a_terra_e_mata_gente

No hay comentarios:

Publicar un comentario

Archivo del blog

free counters

Datos personales

Mi foto
Malas noticias en los periòdicos, asesinatos, enfermedad, pobreza, dolor, injusticias, discriminaciòn, guerras, lo grave es que nos parece normal.

Ecologia2