viernes, 27 de mayo de 2016

Brasil: Povos tradicionais e a ignorância dos golpistas...MST







"Ao contrário do que o editorial difama, o conceito de povos e comunidades tradicionais é historicamente e juridicamente muito bem estruturado, ao ponto de definir claramente ações e políticas públicas voltadas à inclusão e respeito social".


O editorial do “Estadão”, publicado no dia 16 de maio de 2016 evidencia a total ignorância, xenofobia, conservadorismo e criminalização daqueles que o assinam. Em resumo, este texto deprecia, sem nenhum conhecimento de causa ou respeito à história do povo brasileiro, a criação do Conselho Nacional dos Povos e Comunidades Tradicionais, através do Decreto Presidencial 8.750 de 9 de maio de 2016. O texto, sustentado em impressões antropológicas rasas, critica ações revolucionárias do governo petista taxando-as de “burocráticas” e “bolivarianas”. É mais do mesmo, mais mentiras e difamações deliberadas contra um governo que ousou olhar e agir em favor dos pobres. Os autores desconhecem:

1) Quem são de fato os Povos e Comunidades Tradicionais:


Povos e comunidades tradicionais são “grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição”.

Seus membros têm um modo de ser específico, diferente da sociedade abrangente, o que faz com que esses grupos se reconheçam como portadores de identidade e direitos próprios. São exemplos de povos e comunidades tradicionais, pescadores artesanais, extrativistas, caiçaras, faxinalenses, raizeiros, geraizeiros, vazanteiros, caatingueiros, quebradeiras de coco babaçu, dentre outros muitos.

Destaca-se os vários benefícios que esses grupos promovem para a coletividade nacional, como a preservação da memória, história e patrimônio cultural material e imaterial que constroem o Brasil enquanto um povo nação. Além disso, seus saberes tradicionais complexos, diferenciados e epistemologicamente especiais, saberes estes que, dentre outros atributos, manejaram todos os ambientes do país, gerando e protegendo a diversidade biológica, um dos maiores patrimônios do Brasil. Destaca-se que estes saberes tradicionais são tão importantes ao serem alvos constantes das grandes empresas de fármacos, de cosméticos e sementeiras.

2) Os direitos internacionais dos povos e comunidades tradicionais:


Aos Povos e Comunidades Tradicionais são garantidos direitos internacionais, conquistados com muita luta e sangue, solidificados em muitos instrumentos jurídicos internacionais. Citemos alguns poucos:

A Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), ratificada pelo Brasil, aponta que os estados devem, dentre outros, criar mecanismos “que promovam a plena efetividade dos direitos sociais, econômicos e culturais desses povos, respeitando a sua identidade social e cultural, os seus costumes e tradições, e as suas instituições”. Este mesmo acordo exige que estes povos diferenciados “sejam consultados sobre qualquer assunto que os afetem”, demandando, portanto, um espaço de interlocução e representação social.

A própria Convenção da Diversidade Biológica (CBD) de 1982, concebida em nosso país, explicita a necessidade de “respeitar, preservar e manter o conhecimento, inovações e práticas das comunidades locais e populações indígenas com estilo de vida tradicionais relevantes à conservação e à utilização sustentável da diversidade biológica”.

O Brasil também assina a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas e Tribais (conceito análogo ao de povos e comunidades tradicionais) de 2007 que enfatiza que estes “são iguais a todos os demais povos e reconhecendo ao mesmo tempo o direito de todos os povos a serem diferentes, a se considerarem diferentes e a serem respeitados como tais”. Esta declaração ainda reconhece que o “respeito aos conhecimentos, às culturas e às práticas tradicionais indígenas contribui para o desenvolvimento sustentável e equitativo e para a gestão adequada do meio ambiente”.

Em resumo, os povos e comunidades tradicionais têm diversos direitos garantidos por instrumentos jurídicos internacionais assinados pelo Brasil e o seu descumprimento causaria um conflito ou uma insegurança jurídica no cenário internacional. Portanto há um cenário internacional, um contexto jurídico maior, que sustenta o Decreto 8750 assinado pela presidenta Dilma Rousseff que, em essência, nada fez além do dever de casa.

3) As políticas públicas nacionais para os povos e comunidades tradicionais:


Fruto de muita lutar popular e sustentado pelos instrumentos jurídicos internacionais é criada no Brasil, em 2004, a “Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável das Comunidades Tradicionais” com o objetivo, dentre outros, de estabelecer a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável das Comunidades Tradicionais.

Esta política foi instaurada em 2007 através do Decreto 6.040, como o objetivo de “promover o desenvolvimento sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, com ênfase no reconhecimento, fortalecimento e garantia dos seus direitos territoriais, sociais, ambientais, econômicos e culturais, com respeito e valorização à sua identidade, suas formas de organização e suas instituições”. O decreto criticado, de número 8.750, é, na realidade, uma reestruturação de algo que já existe no país há mais de dez anos.

Ao contrário do que o editorial difama, o conceito de povos e comunidades tradicionais é historicamente e juridicamente muito bem estruturado, ao ponto de definir claramente ações e políticas públicas voltadas à inclusão e respeito social. As ações mundiais e nacionais a favor destes grupos sociais não foram concebidas no último dia antes do golpe de Estado contra a democracia, mas são gestadas há mais de sessenta anos.

Estima-se que no Brasil há mais de 30 milhões de pessoas pertencentes aos povos e comunidades tradicionais. Entretanto, não há nenhum representante deles no Congresso Nacional. A debilidade do sistema político do país e a representatividade destes atores sociais não é criticada no editorial, pois preferem taxar um instrumento de participação popular como “burocracia”, “bolivarianismo” e “manobra”. Salve Darcy Ribeiro…

Fonte: MST - Brasil vìa:
http://www.biodiversidadla.org/Principal/Secciones/Noticias/Brasil_Povos_tradicionais_e_a_ignorancia_dos_golpistas

No hay comentarios:

Publicar un comentario

Archivo del blog

free counters

Datos personales

Mi foto
Malas noticias en los periòdicos, asesinatos, enfermedad, pobreza, dolor, injusticias, discriminaciòn, guerras, lo grave es que nos parece normal.

Ecologia2